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sábado, 12 de março de 2011

O Remédio do Preto Velho


Certa vez, Dona Clotilde, uma distinta senhora de classe média,
viu-se nos seus 60 anos de idade, frente a inúmeros problemas de saúde.
Após infindáveis visitas aos médicos, os resultados que conseguia eram
pequenos, mas continuava a distinta senhora a contornar os seus
problemas de saúde.
Uma das empregadas de sua residência, ao notar seu estado doentio,
lhe sugeriu uma visita a um templo de Umbanda.
Dona Clotilde havia recebido em sua vida uma educação esmerada,
estudou no exterior e casou-se na juventude com rapaz de família tradicional.
Sua família, embora católica, frequentava periodicamente reuniões
kardecistas (espíritas) e nessas reuniões havia ouvido muito
falar da Umbanda, sabia ser a Umbanda uma religião que visava
ajudar os humildes e também já tinha conhecimento de suas poderosas
forças aliadas do bem, já ouvira falar de caboclos e pretos velhos e sabia
o que representavam.
Por essa razão, resolveu atender o convite de sua empregada e resolveu
comparecer ao templo.
Após duas noites lá estava Dona Clotilde sentada nos bancos de madeira de
um humilde templo de umbanda na periferia da cidade.
Os trabalhos daquela noite seriam desenvolvidos pela linha dos pretos velhos.
Após a abertura dos trabalhos, a linha de preto velho se fez presente e
iniciou-se o atendimento.
Gente de todas as classes sociais e com os mais diferentes problemas
passou a ser atendida em consultas pelos pretos velhos.
Quando chegou sua vez de ser atendida, sentou-se num banquinho na
frente de uma jovem médium que incorporava um preto de velho de
nome Pai Pedro de Moçambique.
O preto velho, após observar a debilitada senhora, lhe disse:
- "A filha tá muito doente, mas o véio tem remédio muito bom
pra filha tomar”.
Em seguida, ordenou ao seu cambone (médium auxiliar) que escrevesse:
- "A filha vai pegar casca de ovo sem cozinhar, vai torrar no forno,
depois vai moer as casca, misturar com leite morno e vai beber
todas as noite um copo bem cheio".
Feito isso, o Pai Pedro solicitou a ela que retornasse na semana
seguinte para continuar com seu tratamento.
A Dona Clotilde, um pouco desapontada, foi-se embora, não
esperava receber a receita de tal remédio absurdo.
No caminho para casa raciocinava ela: Mas que absurdo comer
cascas de ovo torradas, pensava ela, como me deixei trazer por
aquela empregada a este fim de mundo em meio a esta
gente miserável.
Ao chegar em casa não deu ouvidos ao pedido do Pai Pedro e 
jogou o papel no lixo.
Os anos se passaram e a situação de Dona Clotilde agravou-se. 
Certa tarde, Dona Clotilde muito doente, recebeu a visita de
uma de suas amigas,
que era kardecista e dirigia um renomado centro espírita.
Aconselhada pela amiga resolveu fazer uma visita ao centro 
espírita em dia determinado, ocasião em que o espírito do
Dr. Pedro Pereira que havia sido em vida um médico renomado
lá incorporava, dava consultas e conseguia verdadeiros
milagres junto as pessoas doentes.
Contente pelas palavras da amiga, na noite seguinte lá estava
Dona Clotilde sentada nas cadeiras do
centro espírita aguardando ser atendida. Os trabalhos da noite 
se iniciaram com normalidade, a leitura do Evangelho
Segundo o Espiritismo foi feita aos presentes e no ambiente
a sensação de paz se instalou.
Iniciou-se em seguida o atendimento aos presentes pelo Dr. Pedro.
Chegada a sua vez, sentou-se frente a um médium sexagenário que
incorporava o Dr. Pedro Pereira que disse aos seus auxiliares:
- "Nossa querida irmã encontra-se muito doente, atualmente o
seu maior problema é a osteoporose. A querida irmã deve torrar
cascas de ovo cru, em seguida moer as cascas e misturá-las em
leite morno e deve tomar todas as noites um copo desse preparado".
Ao ouvir isso, a Dona Clotilde disse ao Dr. Pedro:
- Que estranho doutor, há muitos anos atrás me passaram
a mesma receita!
E o Dr. Pedro respondeu:
- "Minha querida irmã, se você tivesse ouvido o Pai Pedro
de Moçambique que lhe ensinou esse mesmo remédio, 
sua atual situação não seria tão grave!"
Ao ouvir isso, a Dona Clotilde indagou:
- Mas como o senhor sabe disso?
Respondeu o Dr. Pedro:
- "Eu sou o Pai Pedro de Moçambique que ainda incorporo 
naquele humilde terreiro de Umbanda nas noites de sexta feira
e lá atendo e ensino remédios e soluções alternativas aos humildes
que não tem como conseguir remédios que são caros. 
Ensino a eles o que aprendi na senzala junto a  outros escravos 
que trouxeram da África os ensinamentos da milenar
e poderosíssima magia africana.
Se a irmã tivesse ingerido as cascas de ovo com leite que são
ricos em cálcio, sua atual situação não seria tão grave".
Ao ouvir isso a Dona Clotilde, pasma, levantou-se abruptamente
caindo no chão em seguida, o esforço ao levantar-se foi grande
demais para o seu debilitado esqueleto, ocasião em que o seu fêmur
(osso da perna) quebrou-se,  tendo que ser levada as pressas a um hospital.

Esta história ensina que não devemos julgar o que não conhecemos e 
não temos poder para ver e compreender.
A condição humilde em que se apresentam nossos guias não são
aval de inferioridade, muito pelo contrário, um caboclo ou preto velho
apresentam-se de forma humilde e os ignorantes que julgam tudo saber
desconhecem que não temos apenas uma existência e nossos guias se
dirigem as pessoas dentro de suas necessidades e também dentro do
degrau de evolução na espiritualidade que atingiram.
Quanto maior for a evolução espiritual e cultural de uma pessoa que
procura por nossos guias, maior será o
nível da comunicação com essa pessoa. Já uma outra com menos evolução,
receberá ensinamentos dentro de uma faixa que lhe permita compreender
o que necessita para ser feliz...


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