Certa vez, Dona Clotilde, uma distinta senhora de classe média, viu-se nos seus 60 anos de idade, frente a inúmeros problemas de saúde. Após infindáveis visitas aos médicos, os resultados que conseguia eram pequenos, mas continuava a distinta senhora a contornar os seus problemas de saúde. Uma das empregadas de sua residência, ao notar seu estado doentio, lhe sugeriu uma visita a um templo de Umbanda. Dona Clotilde havia recebido em sua vida uma educação esmerada, estudou no exterior e casou-se na juventude com rapaz de família tradicional. Sua família, embora católica, frequentava periodicamente reuniões kardecistas (espíritas) e nessas reuniões havia ouvido muito falar da Umbanda, sabia ser a Umbanda uma religião que visava ajudar os humildes e também já tinha conhecimento de suas poderosas forças aliadas do bem, já ouvira falar de caboclos e pretos velhos e sabia o que representavam. Por essa razão, resolveu atender o convite de sua empregada e resolveu comparecer ao templo. Após duas noites lá estava Dona Clotilde sentada nos bancos de madeira de um humilde templo de umbanda na periferia da cidade. Os trabalhos daquela noite seriam desenvolvidos pela linha dos pretos velhos. Após a abertura dos trabalhos, a linha de preto velho se fez presente e iniciou-se o atendimento. Gente de todas as classes sociais e com os mais diferentes problemas passou a ser atendida em consultas pelos pretos velhos. Quando chegou sua vez de ser atendida, sentou-se num banquinho na frente de uma jovem médium que incorporava um preto de velho de nome Pai Pedro de Moçambique. O preto velho, após observar a debilitada senhora, lhe disse: - "A filha tá muito doente, mas o véio tem remédio muito bom pra filha tomar”. Em seguida, ordenou ao seu cambone (médium auxiliar) que escrevesse: - "A filha vai pegar casca de ovo sem cozinhar, vai torrar no forno, depois vai moer as casca, misturar com leite morno e vai beber todas as noite um copo bem cheio". Feito isso, o Pai Pedro solicitou a ela que retornasse na semana seguinte para continuar com seu tratamento. A Dona Clotilde, um pouco desapontada, foi-se embora, não esperava receber a receita de tal remédio absurdo. No caminho para casa raciocinava ela: Mas que absurdo comer cascas de ovo torradas, pensava ela, como me deixei trazer por aquela empregada a este fim de mundo em meio a esta gente miserável. Ao chegar em casa não deu ouvidos ao pedido do Pai Pedro e jogou o papel no lixo. Os anos se passaram e a situação de Dona Clotilde agravou-se. Certa tarde, Dona Clotilde muito doente, recebeu a visita de uma de suas amigas, que era kardecista e dirigia um renomado centro espírita. Aconselhada pela amiga resolveu fazer uma visita ao centro espírita em dia determinado, ocasião em que o espírito do Dr. Pedro Pereira que havia sido em vida um médico renomado lá incorporava, dava consultas e conseguia verdadeiros milagres junto as pessoas doentes. Contente pelas palavras da amiga, na noite seguinte lá estava Dona Clotilde sentada nas cadeiras do centro espírita aguardando ser atendida. Os trabalhos da noite se iniciaram com normalidade, a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo foi feita aos presentes e no ambiente a sensação de paz se instalou. Iniciou-se em seguida o atendimento aos presentes pelo Dr. Pedro. Chegada a sua vez, sentou-se frente a um médium sexagenário que incorporava o Dr. Pedro Pereira que disse aos seus auxiliares: - "Nossa querida irmã encontra-se muito doente, atualmente o seu maior problema é a osteoporose. A querida irmã deve torrar cascas de ovo cru, em seguida moer as cascas e misturá-las em leite morno e deve tomar todas as noites um copo desse preparado". Ao ouvir isso, a Dona Clotilde disse ao Dr. Pedro: - Que estranho doutor, há muitos anos atrás me passaram a mesma receita! E o Dr. Pedro respondeu: - "Minha querida irmã, se você tivesse ouvido o Pai Pedro de Moçambique que lhe ensinou esse mesmo remédio, sua atual situação não seria tão grave!" Ao ouvir isso, a Dona Clotilde indagou: - Mas como o senhor sabe disso? Respondeu o Dr. Pedro: - "Eu sou o Pai Pedro de Moçambique que ainda incorporo naquele humilde terreiro de Umbanda nas noites de sexta feira e lá atendo e ensino remédios e soluções alternativas aos humildes que não tem como conseguir remédios que são caros. Ensino a eles o que aprendi na senzala junto a outros escravos que trouxeram da África os ensinamentos da milenar e poderosíssima magia africana. Se a irmã tivesse ingerido as cascas de ovo com leite que são ricos em cálcio, sua atual situação não seria tão grave". Ao ouvir isso a Dona Clotilde, pasma, levantou-se abruptamente caindo no chão em seguida, o esforço ao levantar-se foi grande demais para o seu debilitado esqueleto, ocasião em que o seu fêmur (osso da perna) quebrou-se, tendo que ser levada as pressas a um hospital. Esta história ensina que não devemos julgar o que não conhecemos e não temos poder para ver e compreender. A condição humilde em que se apresentam nossos guias não são aval de inferioridade, muito pelo contrário, um caboclo ou preto velho apresentam-se de forma humilde e os ignorantes que julgam tudo saber desconhecem que não temos apenas uma existência e nossos guias se dirigem as pessoas dentro de suas necessidades e também dentro do degrau de evolução na espiritualidade que atingiram. Quanto maior for a evolução espiritual e cultural de uma pessoa que procura por nossos guias, maior será o nível da comunicação com essa pessoa. Já uma outra com menos evolução, receberá ensinamentos dentro de uma faixa que lhe permita compreender o que necessita para ser feliz... |
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sábado, 12 de março de 2011
O Remédio do Preto Velho
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